domingo, 30 de agosto de 2009

Respeito ao Consumidor

Com o lançamento do Snow Leopard a Apple poderia ter tomado medidas drásticas para dificultar a vida de alguma empresa como a Psystar, por exemplo:
  • Exigir uma versão anterior do OS X no HD do usuário;
  • Exigir a digitação de uma chave ligada à licença;
  • Acessar os servidores da Apple durante a instalação para verificar se aquele hardware é um Mac original;
  • Exigir um registro on-line do sistema e periodicamente verificar se a cópia do OS que está rodando é válida.
Mas nada disso foi feito, as alterações na instalação foram feitas para simplificar o processo e as únicas salvaguardas foram alterações na EULA que agora mudou o termo Apple labeled computer (computador etiquetado como Apple) para o mais específico Apple branded computer (computador da marca Apple). Além disso a licença agora específica que é um upgrade.

Deu resultado? Parece que sim já que a Psystar entrou na sexta-feira com um processo em um tribunal da Flórida requisitando o direito de vender computadores com o Snow Leopard.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Qual é o preço real de um upgrade?

A Apple anunciou os preços do upgrade para o Snow Leopard a serem praticados no Brasil.
A licença individual comprada custa R$ 79 e o Family Pack com 5 licenças sai por R$ 129.


A diferença de preço entre o Family Pack e a licença isolada é somente de R$ 50, o que em um cálculo rápido dá um custo de licença individual de R$ 12,50, já que os custos de embalagem e distribuição devem ser os mesmos para os dois produtos. Lógico que a determinação de preço leva várias outras coisas além do custo, mas é uma boa referência.

No mesmo anúncio é informado que o preço da licença para upgrade de Macs comprados após 26/12/2009 é de R$ 25, o dobro da licença individual que calculei.

Para verificar se isso é um fenômeno brasileiro decidi fazer o mesmo cálculo com o preço nos EUA. Lá a licença custa $ 29,99 e o Family Pack $ 49,99 e o upgrade para novos Macs $ 9,95.

Pelos cálculos temos a licença individual ao custo de $ 5 como no Brasil o upgrade a $9,95 é praticamente o dobro da licença individual.

A taxa de câmbio utilizada pela Apple, R$ 2,50 por dólar é alta, mas é provável que exista algum reflexo de impostos e logística nessa taxa.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O mundo antes do iPhone

  1. As operadoras mandavam na indústria com mão de ferro
  2. Os fabricantes de telefones cediam a tudo para acessar as redes das operadoras
  3. As operadoras ditavam o design, funcionalidades, aplicativos, preços, marketing, publicidade e marcas dos telefones
  4. Os telefones eram iscas baratas e descartáveis para os contratos de serviço das operadoras
  5. Não havia divisão de receita entre fabricantes e operadoras
  6. Não havia a noção das redes de telefonia tão cedo se tornarem canos burros
  7. Planos de dados padrão, acessíveis e ilimitados eram inéditos
  8. Um aparelho que levasse as pessoas a mudar de operadora aos milhões era um sonho impossível
  9. Dispositivos móveis eram telefones somente, não úteis computadores de mão
  10. Mesmos os smartphones não tinham integração com WiFi transparente
  11. Sem o Visual Voice Mail, mensagens de voz não podiam ser administrada de maneira não linear
  12. Não existiam lojas de aplicações no telefone de propriedade e operadas somente pelo fabricante
  13. Uma loja de aplicações no telefone com 65.000 títulos e com aproximadamente 2 milhões de downloads não estava na tela de radar de ninguém
  14. A estratégia de aplicações de baixo custo, alto volume e divisão de receitas 70/30 não existia
  15. Transações robustas de um clique dentro da aplicação não eram conhecidas
  16. Não existia um mercado para aplicações móveis eficiente, de grande escala, consistente, e lucrativos tanto para grandes quanto pequenos desenvolvedores
  17. O foco dos telefones eram botões, teclas, joysticks, controles deslizantes ... qualquer coisa, menos a tela
  18. Telefones não vinham com grandes telas de 3,5"
  19. Uma interface com o usuário, baseada em gestos, pervasiva e multitouch era ficção científica
  20. Teclados virtuais utilizáveis com múltiplas linguagens e multitouch em telefones não existiam
  21. Sensores integrados como acelerômetros e de proximidade não tinham lugar em telefones
  22. Telefones nunca competiriam em jogos/3D com consoles portáteis dedicados
  23. Tocadores de audio e vídeo da qualidade de um iPod não existiam em celulares
  24. Nenhum telefone oferecia uma experiência de navegação na Web como um desktop
  25. Telefones e SDKs sofisticadas eram incompatíveis.
O que vai acima é uma descrição da indústria de telefonia móvel antes do iPhone. Deve ser por isso que a Apple hoje é considerada maléfica.


Vale a pena ler todo o artigo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

A rejeição do Google Voice de forma simples

Sim, nós criamos um software que fica no seu telefone e assume todos os controles dele. Sim, ele nos dá, não a você, o relacionamento com o cliente. Sim, ele nos dá, não a você, todo o valor recorrente do dispositivo que você gastou milhões de dólares para criar e vender. E seu problema é?
Até o momento essa é a melhor interpretação para a rejeição do Google Voice pela Apple.

Fake Steve Jobs: Arnold announces he will run, and by the way, Google is really starting to piss me off.

sábado, 22 de agosto de 2009

O universo observável, de cima para baixo



Fonte: XKCD

O jogo da maçã

Muitos perguntam qual a razão da Apple só permitir a instalação do OS X em seu próprio hardware. Geralmente que a Apple está perdendo mercado com isso o que é um ponto negativo para seus acionistas. O porquê dessa restrição não posso dizer com certeza, mas tenho algumas idéias dos motivos que quero apresentar.

Primeiro um pouco de história.

No início dos computadores, desde os mainframes, o Sistema Operacional era vendido somente com o hardware, isso só foi quebrado em 1981 com o lançamento do IBM PC, na época a Big Blue decidiu não desenvolver um sistema operacional para esse equipamento, ao invés disso chamou uma pequena empresa chamada Microsoft para isso, dessa parceria surgiu a primeira versão do MS DOS. Quando a IBM abriu a arquitetura do PC deu a oportunidade à Microsoft de expandir esse novo mercado de SOs separados do hardware.

E esse mercado a Microsoft conhece muito bem. Não faltaram tentativas de derruba-la, na época do DOS tivemos o PC DOS da IBM e o DR DOS da Digital Research que passou também pela Caldera e pela Novell. Quanto chegou o Windows novamente a IBM tentou com o OS/2 desenvolvido em conjunto com a própria Microsoft mas que não teve continuidade, depois foi a vez de vários concorrentes, NextStep e Be OS são alguns exemplos.

Nenhum desses Sistemas Operacionais obteve sucesso pois estavam brigando com a Microsoft em um mercado que ela tinha criado e definido as regras do jogo. Um exemplo recente disso é o mercado de netbooks onde a Microsoft recentemente conseguiu substituir o Linux pelo Windows XP.

Por outro lado pouca gente sabe que a Apple já licenciou o Mac OS para outros fabricantes de hardware, Em 1995 a Apple lançou o programa de clones com o objetivo de aumentar a presença de Macs no mercado, quando do lançamento do programa a Apple possuia um market share de 7% com seu hardware, em 1997 quando o programa terminou a fatia de mercado dos Macs ainda era ao redor de 7% e a participação da Apple nesse mercado tinha diminuído. A lição que a Apple deve ter tirado dessa iniciativa é que Macs são produtos de nicho e licencia-los a outros vai comer sua própria fatia de mercado, não expandi-la.

Voltando aos dias de hoje.

Hoje a Apple está conseguindo aumentar sua presença de mercado seguindo o modelo clássico, hardware mais software, licencia-lo para outros fabricantes iria por o produto em rota de colisão com a Microsoft, veja o que aconteceu com IBM, Digital Research, Next, Be e mais recentemente com o Linux nos netbooks. Além disso existe o risco de perder presença de sua marca no mercado, os riscos são muito altos, perder espaço e ser esmagada pela Microsoft no jogo que foi inventado por ela. É melhor jogar pelas suas próprias regras e ir comendo o mercado pelas bordas, ou melhor, por uma só borda, a dos equipamentos premium.

Agora chegamos ao próximo ponto, porque a Apple foca nos equipamentos high-end, não fornece opções mais baratas, a resposta é uma só, margem de lucro, os fabricantes de PCs tem uma margem de lucro muito baixa, entre 2% e 2,5%, nessa faixa ficam Acer e Dell por exemplo, já quem agrega seu próprio software em servidores e serviços tem uma margem um pouco melhor, a HP trabalha com uma margem ao redor de 6,5%. Mas isso não é suficiente para fazer grandes investimentos em desenvolvimento de software e hardware, hoje a Apple trabalha com uma margem de lucro próxima dos 15% já a Microsoft que foca basicamente me software obtém uma margem de 22%.

Outro ponto a destacar é que como o OS X roda em poucas configurações de hardware fica fácil para a Apple garantir a estabilidade e desempenho do sistema, isso em um mercado fragmentado seria quase impossível.

Minha conclusão é que para sobreviver no mercado a Apple deve focar em produtos mais rentáveis, e com isso ganhar espaço aos poucos e de maneira consistente. Abrir se sistema operacional para outros fabricantes não ajudaria sua saúde financeira.

E o futuro?

Talvez se o mercado evoluir para um cenário em que a Microsoft esteja com sua posição enfraquecida, e algum outro concorrente como o Linux ganhe mercado e que a fatia de mercado da Apple seja estável ela pode decidir licenciar seu sistema operacional para outros.
Mas esse cenário futuro é só especulação, por enquanto a Apple deve permanecer dando as cartas no jogo de soluções integradas de hardware e software que ela conhece e domina como ninguém.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

25 anos de PowerPoint

A BCC lembrou que em 1984 o programa que hoje conhecemos como PowerPoint foi concebido, mas sua primeira versão só foi comercializada em 1987 para Macintoshes, de lá até hoje é o programa líder para apresentar idéias e projetos. Mas a BBC lista alguns dos principais problemas de sua utilização.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Enquete: Em NY mais de 90% são analfabetos tecnológicos

Um colaborador do Google entrevistou pessoas na rua em Manhatan perguntando o que era um browser. Vejam o video a seguir.



Isso mesmo, mais de 90% das pessoas entrevistadas não sabiam o que era um browser, a maioria respondeu Google ou Yahoo.

Isso como bem mostrou o TidBITS é um grave sinal de analfabetismo tecnológico, as pessoas conseguem usar computadores, mas não entendem o que estão fazendo.

TidBITS: Have We Entered a Post-Literate Technological Age? (tradução via Google)

Meu diagnóstico é que as pessoas estão no primeiro ou segundo grau de fluência digital, estão confortáveis com isso e não vêem motivos para mudar.

O que é Fluência Tecnológica.

Mas isso é certo? Será que utilizar um computador é a mesma coisa que usar um aspirador de pó ou dirigir um carro? Acho que não, já que o computador não é um aparelho com uma função específica, mas de múltiplas funções que cada vez está ficando menor, vide smartphones, com as pessoas cada vez mais dependentes deles.

O que faremos para erradicar o analfabetismo tecnológico das novas gerações?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Receita para matar o iPhone

John Gruber do Daring Fireball fez uma análise de qual estratégia a Google deveria utilizar para telefones Android suplantarem os iPhones.

Daring Fireball: The Android Opportunity (tradução via Google).

O início da estratégia proposta é a seguinte frase.

Eles (os usuários) não querem um downgrade do iPhone, eles querem um upgrade.

E daí propõe que os telefones com o Android devem igualar o hardware e qualidade do iPhone, e acho que também o design, aliado a uma experiência do usuário igual ou melhor e uma loja de aplicações mais atraente aos desenvolvedores, já que teria menos ou nenhuma restrição em relação às aplicações. Gruber considera que isso pode levar a um custo maior que o iPhone no final, mas lembra que todo esse esforço é necessário para atingir o público que está comprando iPhones.

O problema com essa estratégia de John Gruber é que o modelo de negócios do Android é para um telefone de massas. A Google não está cobrando royalties pelo sistema operacional, o contrato dos fabricantes com a Google é sobre o uso da marca Google, acesso às aplicações Google e ao Android Market. Nesse mercado de vários fabricantes e várias opções de configuração de hardware e software a fragmentação vai estar sempre presente. É um modelo de negócios mais parecido com o Windows Mobile ou o Symbian.

O único fabricante que pode fazer o que Gruber sugere é a Palm com o Web OS e o Pré, mas ele ignora completamente este competidor no artigo. Mas mesmo para a Palm a batalha é difícil, aparentemente o hardware é percebido como inferior ao iPhone e a Palm demorou muito para entregar seu SDK aos desenvolvedores o que levou a uma loja de aplicações fraca.

A batalha ainda não está perdida mas se opções de hardware e software não chegarem a tempo teremos ainda um bom tempo de domínio da Apple nos smartphones.

domingo, 16 de agosto de 2009

Techsoup Brasil. Tecnologia mais acessĩvel ao terceiro setor

A grande maioria das ONGs vivem em constante busca de recursos e geralmente não possuem caixa para gastar em algo que não seja sua atividade fim. Com relação à tecnologia a solução era adotar soluções Open Source ou então a pirataria.

Felizmente isso está sendo resolvido, na segunda-feira da semana passada foi lançada oficialmente a Techsoup Brasil. A Techsoup surgiu nos EUA como um canal de vendas de software para entidades do terceiro setor, a diferença é que os preços praticados são aproximadamente 90% menores do que os preços de mercado o que possibilita às ONGs comprarem as licenças necessárias sem necessitar prejudicar os investimentos em seus projetos.

A ATN é o representante da Techsoup no Brasil e está prestando os mesmos serviços da sua congênere americana. Atualmente no Brasil 3 empresas de tecnologia estão disponibilizando seus produtos na Techsoup, a Microsoft , Symantec e SAP.

A Microsoft está disponibilizando uma gama impressionante de pacotes desde o Windows e Office até SQL Server Exchange. A Symantec está presente com soluções anti-virus e de segurança, tanto para estações de trabalho quanto para servidores. Já a SAP está oferecendo os produtos da BO, Crystal Reports e Xcelsius.

Como diretor de uma ONG, o Centro Educacional Gotas de Cristal, espero muito sucesso para a Techsoup Brasil e seus parceiros e também que mais empresas participem desta iniciativa. Quem sabe se no futuro poderemos comprar computadores recondicionados como acontece nos EUA.

sábado, 15 de agosto de 2009

Não espere por um grande anúncio da Apple

O problemas com tablets é que ninguém conseguiu fazer sucesso com eles, salvo em nichos.


John Dvorak, o homem que em 1984 escreveu que ninguém precisava de um Mouse sobre a mesa e em 2007 disse que o iPhone ia ser um fracasso analisa o possível anúncio do possível tablet da Apple no possível evento de setembro.

Market Watch: Don't look for a big Apple announcement. (tradução via Google)

Esse tablet ou super iPod Touch é um boato, acho que a Apple não lançaria um tablet se não tivesse resolvido os problemas que aconteceram com seus congêneres no mundo PC.

Porque a Microsoft não desenvolve software para o Zune HD?

Um desenvolvedor para o iPhone relatou que a Microsoft prometeu "um monte de dinheiro" se portasse sua aplicação Twitter para o novo Zune HD.


Daniel Eran Dilger analisa com seu peculiar estilo ácido essa notícia.

RoughlyDrafted Magazine: Why can't Microsoft develop software for Zune HD? (tradução via Google)

Segundo ele falta é mercado para aplicações para o Zune HD.

domingo, 9 de agosto de 2009

Google Empresarial

O Google lançou nos EUA uma campanha publicitária para aumentar o uso do Google Apps nas empresas. Eu particularmente acho uma ótima solução para pequenas e médias empresas, mas para as grandes vejo alguns pontos que deveriam ser sanados antes.

Segurança

Cada vez mais as empresas estão terceirizando serviços de TI, mas ainda existe resistência no caso de aplicações na nuvem, depois da invasão dos e-mails e docs do Twitter o Google esse aspecto deve ser o primeiro a ser lançado contra o Google Apps. O Google deve mostrar ferramentas de segurança muito eficazes para anular esses comentários.

ERP

Os ERPs e outros pacotes geralmente usam o Excel como grid para a entrada de dados e gerador de relatórios, para a substituição do MS Office pelos correspondentes no Google Docs deveria ser trabalhado essa integração pelo menos com a SAP e a Oracle.

Macros do Office

Existe o famoso Excel Empresarial, planilhas que são verdadeiros sistemas, desconheço se existe alguma ferramenta para a migração dessas planilhas para o Apps. Uma solução é deixar alguns usuários com o MS Office, mas deixar alguns leva a outros pedirem e isso pode ser uma bola de neve nos custos de licenças.

Resistência das Pessoas

Por mais que as pessoas digam que aceitam as mudanças ninguém gosta de sair de sua zona de conforto, o modo de quebrar essa resistência não é divulgar uma mudança tecnológica, mas sim uma mudança no fluxo de trabalho todo. Talvez assim as pessoas aceitem essa mudança.

Desses pontos o mais difícil de sanar é a resistência das pessoas, os demais são contornáveis, mas quando chegamos no material humano é melhor termos muito cuidado.